Hovenia dulcis Thunb.
Nomes Comuns: Japanese cherry, Uva-do-japão
Familia: Rhamnaceae
Origem: China, Japão e Coréia
Descrição e Fenologia da Espécie
Árvore caducifólia com até 25 m de altura com copa
globosa e ampla. A casca é lisa a levemente fissurada pardo-escura
a cinza-escura.Folhas simples, alternas, curto-pecíoladas, ovadas,
acuminadas, glabras na parte superior e ligeiramente pubescentes na inferior.Flores
hermafroditas, pequenas, branco-esverdeadas a creme, numerosas.Fruto pequena
cápsula globosa seca com 2 a 4 sementes, preso a um pedúnculo
carnoso cor de canela com sabor doce e agradável.Sementes alaranjadas
ou avermelhadas quando recém colhidas e passando para marrom e
pretas com o tempo, mais ou menos circular.A polinização
é feita principalmente por abelhas e o florescimento ocorre, no
Brasil, de agosto a fevereiro com frutificação entre março
e outubro. A queda das folhas dá-se desde abril até o final
de agosto. Começa a frutificar entre os 3 e 4 anos. A dispersão
das sementes é zoocórica, por aves e pequenos animais.
Ecologia da Espécie
Planta heliófila. Na região de ocorrência natural
é componente ocasional do estrato intermediário das florestas
decíduas.A regeneração natural por sementes é
intensa, o que lhe confere capacidade invasora. A espécie cresce
entre 20 e 1100 m s.n.m. e em locais com precipitação entre
850 e 2000 mm, com período seco de 3 meses.Apresenta grande plasticidade
edáfica, crescendo em solos compactos, rasos e pedregosos, desde
arenosos até argilosos, excluindo aqueles excessivamente úmidos
e também os de baixa fertilidade química.
Ambientes Preferenciais Para Invasão
Florestas onde houve interferência de exploração seletiva;
ambientes abertos e áreas degradadas; clareiras de florestas; margens
de rodovias.Cresce também em terrenos baldios e proximidades das
habitações, formando por vezes agrupamentos.
Ocorrências Conhecidas
A uva-do-japão é invasora consagrada em diversos países
e ambientes. Existem registros para Austrália, Tanzânia,
Brasil, Paraguai e Argentina, porém deve haver muitos outros em
que a espécie está presente. Há registro de recomendação
de plantio da espécie para todo o sul dos Estados Unidos.No Brasil,
especificamente, é reconhecida como invasora nos estados do Paraná
(municípios de Teixeira Soares, Porto União, União
da Vitória, Mallet e Irati), Santa Catarina (região oeste)
e Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Caxias do Sul e toda a bacia do rio
Uruguai). Os municípios citados são apenas exemplos de ocorrência,
faltando registros para outros.Faz-se presente em muitas regiões
do sul do Brasil, na Floresta Ombrófila Mista Montana (Floresta
com Araucária) e na Floresta Estacional Semidecidual, em geral
compondo o segundo estrato e clareiras de florestas seletivamente exploradas.
Nas florestas com araucária ocupa o estrato abaixo do dossel, tomando
gradativamente o espaço das espécies características
da fase madura dos pinhais, como cedro, canelas, canjerana, ipê,
miguel-pintado e outras.Trata-se hoje de uma das espécies exóticas
invasoras mais agressivas da bacia do Uruguai, nos ambientes de Floresta
Estacional e de Floresta Ombrófila Mista.
Impactos
Apresenta intensa regeneração natural com tendência
a formar densos agrupamentos, impedindo o crescimento de outras espécies
e reduzindo a biodiversidade florestal. Impede o desenvolvimento sucessional
das florestas que invade à medida que forma densos aglomerados
e ocupa o espaço de espécies nativas. A dispersão
de sementes por aves inviabiliza o controle da dispersão. A espécie
é ainda largamente distribuída por viveiros comerciais e
públicos que ignoram o problema ambiental envolvido.
Manejo e Controle
A remoção mecânica de árvores invasoras é
uma tarefa que pode ser custosa e de alto impacto, devendo ser realizada
com responsabilidade e pessoal treinado. O simples corte das árvores
não é suficiente para eliminá-las, havendo necessidade
de utilizar controle químico para ter efetividade. A forma mais
eficiente de eliminar plantas exóticas invasoras que rebrotam após
o corte é proceder com o controle químico para eliminá-las
em pé. Isto evita que a planta produza rebrotas que, muitas vezes,
torna-se um problema ainda maior, mais oneroso e que requerer controle
periódico e acompanhamento intensivo. Em primeiro lugar, árvores
que rebrotam não devem sofrer anelamento, pois isso pode estimular
a produção de brotos. O tratamento consiste em realizar
cortes sucessivos e intercalados com uma machadinha na base do tronco,
com diferença de 10 cm de altura, ao redor de todo o tronco. Deve-se
aplicar glifosato diluído a 2% em água a cada corte, no
momento em que é feito, um a um. Quanto menor o tempo entre o corte
e a aplicação do produto, maior a eficiência dos resultados.
Em caso de remoção das árvores para uso ou venda
da madeira, o controle químico é fundamental e precisa ser
realizado no momento do corte. As árvores devem ser cortadas rente
ao chão. É necessária a aplicação direta
de herbicida nos tocos para evitar a geração de rebrotas,
que dificultam e oneram o controle posterior. Para tanto, o herbicida
precisa ser aplicado imediatamente após o corte, em questão
de segundos, para ter maior eficiência. O produto mais utilizado
é Garlon 4, produto à base de triclopir, em concentração
de 80% diluído em óleo diesel. Caso não encontre
Garlon, utilize Tordon a uma concentração de 7%, diluído
em água. Se ainda assim houver rebrotamento, as rebrotas devem
ser eliminadas quando atingirem 15 a 30 cm de altura através de
pulverização nas folhas, com glifosato diluído em
água a 2%. A aplicação deve ser realizada com equipamento
de segurança, com pulverizador de bom desempenho e precisão,
sem vazamentos, e em dias sem vento para evitar impactos paralelos sobre
outras espécies, solo ou água. O tratamento precisa ser
repetido cada vez que as rebrotas atingirem a altura indicada. Trabalhos
previamente realizados sugerem uma tendência de eliminação
das plantas com quatro aplicações sucessivas nas rebrotas.
Toda ação de controle químico
requer uso de equipamento adequado e material de segurança, como
luvas e máscara. Seguir sempre as instruções do
fabricante e proceder à devolução da embalagem.
Referências
CARVALHO, Paulo E. R. Ecologia, Silvicultura e Usos da Uva-do-Japão
(Hovenia dulcis Thunberg). Colombo: EMBRAPA – CNPFlorestas, 1994.
24p.
BINGELLI, P. http://members.lycos.co.uk/WoodyPlantEcology/invasive/worldlist.htm
GILMAN, E. F., WATSON D. G. Hovenia dulcis, Japanese
Raisintree. Forest Service, Departament of Agriculture, Fact Sheet ST-296.
1993.
GROVES, R.H. Recent incursions of weeds to Australia,
1971-1995. CRC for Weed Management Systems, Technical Series n. 3, jan.
1998, Australia, 1997. p. 69.
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